terça-feira, 20 de setembro de 2011

Grand Ópera verídica


Se a mezzo-soprano
te soprasse uma promessa
descuidada e apressada:

Vivaldi nos auto-falantes...
Mozart, rock., tecno-funk...
se a mezzo-soprano
sussurrasse:
...Inquieto esse desejo!

e te desse esse beijo
transformasse tesão
em fato ,
em ato
num canto qualquer...
será que te esqueceria?
será que seria mais fácil?

Fetiche,
Lapso,
Regente,
Saxofone e harmonia

o coro canta
cuidado!
e ela sussurra:
que se dane!

se a mezzo-soprano
descuidada e apressada:
tropeçasse no ar

vivaldi soando
funk, punk
e o tombo
sonoro
retumbante

Braços abertos
Como asas, planícies,
Balé, vida e a voz ressonante que
Insiste e
Incide...

Se ela sussurrasse:
e te desse esse beijo
transformasse tesão
em fato, em ato.
num canto qualquer
mozart,
rock... electronic music
colapso.
Inquieto esse desejo!

o coro canta
cuidado!
e ela sussurra:
que se dane!

Na noite mal cuidada
de vodka,
vivaldi, lago dos cisnes,
nona sinfonia

Ele, moreno,
Contratenor, Dj, hinduísta.

Com ela, a mezzo-soprano
num drama musical;
Grand Ópera verídica
de uma vida insone.

o coro canta
cuidado!
e ela sussurra:
que se dane!



(Rosa Cardoso e Jessiely Soares)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Verdadezinha

Tua língua no meu umbigo
- nem ligo-
ando melancólica baby
as cócegas eu nem sinto
perdi o tesão, quem diria
bem sabes... eu nunca minto

  Monica San

segunda-feira, 13 de junho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

Ao Che - Parte I




Meu querido Che,
Não peço perdão por nunca ter dito o quanto foi amado, pois sei que entenderia que não o fiz para proteger você e seu nome perante a situação complicada que enfrentava naquele exato momento. Eu jamais colocaria em risco sua vida política e familiar, você sabe disso.
Eu procuro entre os escombros de nós dois o porquê de vivermos praticamente numa fronteira e não termos nos encontrado antes. Era tão perto e tão distante ao mesmo tempo.
Dói-me saber que eu poderia ter feito você acreditar que o amor estava tão próximo e as fronteiras que nos separavam eram apenas imaginárias perante o que dividimos durante aqueles tempos de necessidade e guerrilha.
Quando nos encontramos pela primeira vez naquela sua viagem ao México eu pude ver no timbre de sua voz o quanto tínhamos em comum. Sei que nosso encontro foi em momento nada propício. Você sabe mais do que eu da culpa que senti, o quanto tentei me convencer que tudo não passava de asas da minha imaginação, do quanto lutei para não ficar ao seu lado, embora fosse impossível naquele momento de furor.
Ainda sinto seu cheiro, Ernestito, seu toque, sua voz, lembro dosseus ideais, do quanto amava sua luta e acreditava em um mundo melhor.
A igualdade que você tanto almejou e tudo que me contou, ainda estão por vir.
Hoje, sozinha, me pergunto o porquê de tirarem você de nós tão repentinamente.
Ainda guardo sua boina, aquela que você tanto gostava e que eu envaidecida, fazia questão de colocá-la em sua cabeça. Sei que nunca poderei revelar a ninguém que a tenho e que dentro de mim está a melhor parte de você.
Sei que não partilharei as músicas que ouvimos, as noites e manhãs de sexo e prazer sem culpa e revolução. Nunca poderei se quer falar sobre as nossas conversas incessantes nos momentos mais incomuns, a aceleração do coração e a doçura da sua voz quando disse meu nome pela primeira vez.
É muito difícil guardar esse amontoado de sentimentos, mas eu o farei querido, pois jamais colocaria o seu nome em páginas de jornais sensacionalistas, jamais colocaria nosso amor na boca de pessoas que não sabem o que é ternura.
Esse preço eu tenho que pagar, e não me importo, pois o que senti por você foi pleno. As armaduras que usei durante uma vida foram abandonadas no momento em que te vi pela primeira vez.
A carta que recebi datada em Novembro de 1966 vinda da Bolívia, continua aqui, e o meu sentimento está guardado naquela caixa de madeira enrolada na camiseta preta que você gostava tanto por pertencer ao partido de uma época de sua vida e que você resolveu me presentear numa tarde de agosto, lembra-se?
Sinto sua falta amado Che.

terça-feira, 24 de maio de 2011

REDENÇÃO


  1. (Lena Ferreira)


  2. Porque tua pausa parece infindável
  3. e tua lira é ópera inteira; orquestra
  4. tocando a partitura dos meus poros
  5. em notas tão perfeitas e sonantes

  6. Porque teu verso parece inverso
  7. e tuas letras, crianças peraltas
  8. aprontando fuzarca no meu sítio
  9. trazendo ventura pros meus dias

  10. Porque teu verbo parece silente
  11. e teu silêncio, é grito mudo, eterno
  12. suplica por peles cruas, pelos nus
  13. causando espasmos na alma casta

  14. Porque tua causa parece urgente
  15. e tuas promessas perfeitas, cabíveis
  16. imploram ao deus grego e pagão
  17. pela redenção de um pecado imortal...

  18. Porque teu porquê é tão insistente
  19. não podes perdoar-te eternamente...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

SEDUÇÃO (MARCO MEU FILHO)

SEDUÇÃO








Não sei controlar minha paixão,

Me toma em teus desejos e devaneios,

E abraça minh'alma sem rodeios,

Acelera as batidas do meu coração.



Como posso conter essa paixão,

Se estás em meus sonhos e na realidade,

Me digas, me contes a tua verdade,

Que mostro o caminho da sedução.



Ah...que faço com essa atrevida paixão,

Que rouba meu tempo, me deixa feliz,

Me faz maluco, me enche de amor,



E com tua artimanha e persuasão,

Conturba minha mente, sempre que diz,

Eu quero esse Homem, o meu sedutor.









Marco Antonio de Alvarenga

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O Silenciar dos Anjos

(Sonia Cancine)


Na calada fria da noite escura
Ao ouvir o sussurrar dos Anjos
Emudecem-me os sentidos

Um olhar de olhos infindos me vigia...

Inquieta, reverencio o tempo
Onde o aqui agora nem perto nem distante
Canta junto ao meu coração e
Entrego-me na finitude de tudo o que sou.

Em meio a nuances e tormentos
Teço traçados desalinhados em cunho e
Perco-me neste labirinto de metáforas.

Um Anjo tetro num recôndito invisível
Pelas vias/mente, algoz - a morte me anuncia.
Peregrino pela campina verde e me deito no sereno.

Sonho (de novo) ao ouvir o gorjeio das gaivotas

O murmurinho das águas do mar e do vento.

O perfume que exala das flores
Cintila na aparição do céu inexorável
E me liberta do cárcere em que vivo.

Será loucura de meus pensamentos?

Luto para fugir do mal que me assola
Montada no meu cavalo indomável
Na noite sombria à luz da Lua nua.

Meu destino, minha senda
Que transita entre o céu e o inferno
Como vidro se despedaça no chão.

Alço finalmente de asas abertas, à Luz ao final do túnel.
Vencendo o vento angario do pó alma minha e

Do efêmero isolamento - vôo como fênix em direção ao Sol.


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sábado, 12 de fevereiro de 2011

hades

roça meus olhos teu beijo vago
a tarde despenca em gotas de suor

direto do hades você me recita
lista feitiços e convida
num mantra dissonante
que sorri débil e febril

arrebentando os anteparos
distraída canta meus olhos

violentando as palavras
tua língua me conta

foram dez beijos inexistentes

os símbolos deslizam sob a porta
enquanto os corvos te devoram