sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

AS PEDRAS







Jamais esquecerei aquele momento
De tamanha perplexidade
No meu caminho para o meio
Havia pedras espalhadas.

Pedras havia de montão
No meio do caminho jogadas.

Como em todo meio de caminho
A gente dá mil tropeçadas
Tropecei naquelas pedras
No meio do caminho jogadas.

Pedras havia de montão
No meio do caminho jogadas.

Não sei se jogaram de propósito
Não sei se lutei em vão
Só sei que com pés machucados
De tanta pedra lascada
Cheguei no meio do caminho
Do meu caminho para o meio
Cada vez mais pedras jogadas.

3 comentários:

  1. "Não sei se jogaram de propósito
    Não sei se lutei em vão
    Só sei que com pés machucados
    De tanta pedra lascada
    Cheguei no meio do caminho
    Do meu caminho para o meio
    Cada vez mais pedras jogadas."
    Essa me parece ser a frase "síntese" desse poema. Para além da paráfrase a Drummond, a autora parte de uma perspectiva inusitada, feminina. Não ocorre a graça e a suavidade sonora e ritmica do poema original, mas a tragédia e dor da alma feminina. Original porque ousou questionar a condição feminina, tal qual Antígona luta até o fim por seus ideais e, como Medéia, não poupou o poema original...
    Belo e trágico!

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  2. Gostei muito... mas não achei trágico. Acho quase imprescindível à alma feminina transpor obstáculos, andar sobre pedras, sangrar.

    Abraços.

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