o vento brinca com a árvore na janela
e tua voz vem riscar a vidraça
é tão tarde
quando sussurras teus versos
em rimas surreais
que deslizam pelos meus sonhos
junto com umas lágrimas descabidas
é tão tarde
para riscar peles e vidraças
até os mortos sussurram
longas árias
em cadencias insanas
enquanto você chora
em rimas perfeitas
murmura histórias arcanas
versos
música
hosanas e teu corpo
é tão tarde
eu sussurro
os mortos mentem
em línguas mortas
enquanto a tua desliza
no céu da boca
segredos estelares
bobagens seculares
mentiras de vento e folha
que eu finjo não ver
nesse gozo esquecido
perdido entre as frinchas da noite
eu entendo
tudo, ou quase tudo,
de tudo que nunca entendi
meus olhos ardem
e te esquecem um pouco mais
fecho o livro sem pressa
guardo o poema junto aos meus
que dormem sozinhos
teus mortos sussurram
é tão tarde
A foto do Paulinho de Andrade em todas as págonas é neurotizante.
ResponderExcluir